A teoria dos Direitos de uma monarca afirmava que os reis daquela época (absolutistas do século XV ao séc. XVIII) recebiam o poder diretamente de Deus.
Luís XIV, é considerado uma representação máxima da monarquia absolutista. Incorporou as teorias da época e o maior exemplo de seu poderio advém da famosa frase “O Estado sou eu” .
E, como maior soberano europeu, sua corte foi uma das mais luxuosas e requintadas de todos os tempos. O rei mantinha uma vida social intensa e luxuosa. “ Em 1653, o jovem Luís XIV, apresentou-se num espetáculo de dança, como o próprio sol. Durante doze horas seguidas, fantasiado de sol, em uma indumentária toda dourada, daí a origem do título .
O rei era modelo para todas as cortes européias e também para a classe burguesa composta por ricos financistas. Luís XIV criava e seguia regras minuciosas da moda e da etiqueta, nessa época surgiu o Grand Mâitre, o uso do garfo, as novas formas de comportamento perante o rei, inclusive o retorno do uso das perucas masculinas.
A Etiqueta Social para o rei era símbolo codificado para diferenciá-lo dos demais mortais, já que “o trono real não é trono de um homem, mas do próprio Deus” .
A “carne do rei”, era a maior manifestação de poderio, ostentação e o desperdício na casa real. Fortalecido pelo poder absoluto, o monarca exibia aos seus súditos “o verdadeiro comportamento de um rei”.
A história narra em seu cotidiano, a presença de pessoas ou telespectadores no momento em que degustava com a maior elegância, suas refeições:
Quando o rei jantava só, era servido no quarto, sobre uma mesa quadrada, diante da janela principal. Haviam dias que era permitido a espectadores verem o rei e a família jantarem.
Quando eram admitidos à mesa do rei, não se deviam sentar-se sem serem convidados pelo próprio rei, e era de bom tom que se esperasse repetir o convite...
Comer na mesma mesa em que o rei se servia, era privilégio excepcional. Para estes costumes a aristocracia se moldava pela corte e a burguesia imitava a aristocracia .
No palácio havia centenas de cortesãos que residiam no palácio e outros milhares de serviçais que viviam nos arredores. A essas pessoas era dada a permissão para vê-lo (da parte externa) degustando suas refeições, numa demonstração de habilidades e requintes na arte das Boas Maneiras à mesa.
O exibicionismo do rei e a grandeza de Versalhes contrastavam com a miséria vivida pelo povo.
Fraborcillet, em seu Estado da França em 1712 , narrava a magnificência dos grandes banquetes da corte de Luis XIV, “o rei sol”.
Segundo o autor, um dos grandes acontecimentos no Palácio de Versalhes era o preparo da “carne do rei”, a “la Maioson-bouche”, composta por aproximadamente 500 pessoas, entre serviçais, chefs e convidados.
Saía à hora de cada refeição, longa fila de gente que levava o jantar chamado carne do rei. Mas antes de chegar aos aposentos reais, era necessário subir escadas, percorrer imensos corredores, e passar por algumas salas.
Durante esse trajeto, o jantar era escoltado por dois guardas do poder real e cada pessoa que encontrasse esse cortejo deveria inclinar-se, com respeito, dizendo a meia voz: é a carne do rei...
Esse serviço era colocado sob o comando do grande mestre da casa real, o qual algumas vezes era um príncipe de sangue
Embora todas as regras impostas pelo soberano fossem carregadas de suntuosidade e houvesse na verdade grande ostentação, as normas de condutas e comportamento, criadas por Luis XIV, não resultavam apenas em bazófias e exageros, mas havia também uma hegemonia cultural de valores indiscutíveis, tanto na arte das boas maneiras à mesa, quanto nas apresentações de peças teatrais, concertos e óperas.
A conduta do rei absolutista presidia dos pequenos atos de sua vida luxuosos acontecimentos. Versalhes era copiado por todas as cotidiana aos cortes européias.
Até mesmo os ingleses que possuíam uma forma dúbia de ver seu vizinho, ou seja, não suportavam o exagero e a arrogância dos franceses, porém sabiam admirar o talento e o bom gosto destes, principalmente na arte culinária, em que seus chefes eram respeitados e solicitados por toda a Europa
Quanto à aristocracia, esta, moldava seus valores através da compostura de seu rei. Às crianças eram ensinadas e preparadas para viverem o modo de vida das cortes e dos castelos.